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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 07/05/2021 - Notícias

Opção: Cortes em orçamento é um dos pontos do debate entre candidatas à reitoria da UFG

Acompanhe pontos mais importantes do debate entre candidatas à reitoria da UFG realizado pela Adufg-Sindicato, Sint-Ifes, DCE-UFG e APG

Opção: Cortes em orçamento é um dos pontos do debate entre candidatas à reitoria da UFG

O Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg) realizou nesta quarta-feira, 5, um debate online entre as duas chapas que disputam a eleição para a reitoria da Universidade Federal de Goiás (UFG). Com perguntas da comunidade acadêmica sorteadas durante a live, a discussão das propostas está disponível nos canais do sindicato.

A votação será realizada em junho, entre os dias 8 e 9. O atual reitor, Edward Madureira, não será candidato, pois já foi reeleito. A disputa deste ano será entre a chapa UFG Viva, de Sandramara Matias Chaves (reitoria) e Jesiel Freitas Carvalho (vice-reitoria), e a chapa Movimenta UFG, de Maria Clorinda Soares Fioravantis (reitoria) e Adriano Correia (vice-reitoria).

Sandramara Chaves é a atual vice-reitora; pedagoga pela UFG e professora da instituição desde 1993. Maria Clorinda Fioravanti é médica veterinária, docente como professora titular desde 1992 e também ocupou cargos administrativos na universidade. Ambas representantes das chapas começaram suas apresentações no debate se solidarizando com membros da comunidade acadêmica que perderam amigos e familiares na pandemia de Covid-19.

Na apresentação de suas propostas, a líder da Chapa UFG Viva, Sandramara Chaves, prometeu apoiar o programa de pós-graduação, defender as ciências sociais e as humanidades, minimizar a burocracia e fortalecer a infraestrutura de pesquisa. Também anunciou a ideia de um projeto chamado UFG Promotora de Saúde e defendeu a regulamentação do teletrabalho, implementação de políticas para mulheres na universidade, fortalecimento dos programas de permanência e protagonismo estudantil, entre outros.

Maria Clorinda Fioravantis, por sua vez, falou das perdas educacionais em tempos de ensino remoto e revelou intenção de promover a institucionalização do ensino a distância. Sua chapa planeja integrar mais os estudantes da docência com o Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae), valorizar o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e combater a desvalorização da carreira de ensino. Defendeu ainda o diálogo com estudantes quilombolas e indígenas, implantando uma bolsa médica e mantendo bolsa assistencial.

Cortes no orçamento 

Perguntadas sobre os cortes que as instituições de ensino federais vêm sofrendo, as candidatas a reitoras apresentaram as seguintes propostas.

Sandramara Chaves afirmou que a atual gestão, da qual faz parte, conseguiu reformar a Casa do Estudante Universitário (Céu) e Restaurante Universitário mesmo com cortes. “Nossa proposta é priorizar a permanência. Temos de  criar condições objetivas de que o aluno consiga permanecer na UFG. Faremos isso buscando recuperar recursos retirados e buscando mais liberações junto ao gov federal”.  

Maria Clorinda Fioravantis concordou que a prioridade máxima é garantir a permanência dos estudantes na instituição. “O inadmissível é criar condições para o ingresso de estudante mas não as condições para sua permanência. Nos esforçaremos para disponibilizar tecnologias necessárias para o ensino híbrido. “Temos clareza que algumas lutas por recursos suplementares serão realizadas em Brasília, mas se chegarmos ao limite dos recursos, apresentaremos nossa situação à comunidade acadêmica com total transparência  para decisão final colegiada”, afirmou Maria Clorinda Fioravantis.

Assédio moral e sexual

Questões sobre o combate a assédios surgiram diversas vezes no debate. Candidatos foram indagados por soluções para assédio moral sofrido por alunos e pesquisadores pel pressão por produção científica; bem como para o assédio sexual na academia.

Jesiel Carvalho, vice da chapa UFG Viva, afirmou: “Essa é uma luta que travamos na universidade e fora dela. Pesquisadores com bolsas atrasadas são um ponto de pressão que podemos lutar para aliviar. Devemos simplificar processos avaliativos e de controle, além de desenvolver métodos para fortalecer avaliação qualitativa e menos ênfase no aspecto quantitativo – a tarefa da ciência é ser relevante e de impacto, e não produzida em série. Não somos máquinas, somos humanos e isso chama a atenção para a necessidade de implementar o conceito de Universidade Promotora da Saúde.”

A candidata a reitora pela chapa UFG Viva, Sandramara Chaves, prometeu criar mecanismos de acolhimento e apoio. ““Desenvolvemos a campanha ‘não é não’ e outras campanhas com visitas a unidades acadêmicas, promovendo o acolhimento. Recebemos mulheres em situação de vulnerabilidade e aprimoramos mecanismos de denúncia. Diversificamos e priorizamos a representatividade.” 

Maria Clorinda Fioravantis afirmou: “Em 2017 eu era pró-reitora e fizemos campanhas permanentes de educação e criamos ambientes onde fosse impossível ceder espaço para o assédio. Não é um processo rápido, mas é um desafio que teremos de cumprir. As relações hierárquicas favorecem ambientes onde o assédio se torna possível, e temos de estar nesses espaços”.

Como responderão ao projeto político atual 

“Este é o pior cenário de nossas gerações”, afirmou Maria Clorinda Fioravantis. “A PEC do teto inviabiliza ensino, saúde e segurança. Deixamos de ter universidades federais como um bloco e estamos nos isolando cada vez mais. Precisamos trabalhar com a ADUFG e demais sindicatos dos servidores federais em educação para buscar reverter esse cenários. Mas vivemos uma coisa boa, entretanto, que é o fato de que a sociedade começou a compreender nosso papel”. A médica veterinária reforçou ainda a necessidade da busca por autonomia universitária, por um plano de carreira e contra a terceirização. 

Sandramara Chaves respondeu: “Vivemos um momento extremamente complexo em que vemos desrespeito ao nosso papel, negacionismo da ciência, cortes que nos colocam fora da situação de cumprir com coisas básicas como energia e limpeza. Nossa missão é fazer o enfrentamento necessário para garantir recursos de ensino, pesquisa, extensão e inovação. O grande desafio é juntar esforços da comunidade interna e externa para defender a universidade pública. Os pesquisadores têm procurado financiamento, eles têm aumentado o financiamento por diferentes fontes, mas para o financiamento básico, temos de unir forças.”

Divulgação científica

Perguntado sobre propostas para a comunicação do trabalho feito na universidade, Jesiel Carvalho respondeu que a universidade tem de assumir seu papel na divulgação e educação científica na sociedade. “A ideia é colocar na Secretaria de Comunicação (Secom) da UFG um departamento voltado para a divulgação científica informal. Esse corpo na secretaria criaria conexões com grupos de pesquisa dentro dos institutos para comunicar as pesquisas e projetos de extensão que estão sendo conduzidos pela academia”. 

Maria Clorinda Fioravantis propôs: “Temos a Secom, uma rádio e uma TV com pessoas capazes de trabalhar a nosso favor. Devemos criar canais de comunicação. Trabalhar como agência de comunicação científica. Criar uma estrutura permanente, garantindo que a sociedade entenda nosso papel. A comunicação é central. É o que vai fazer diferença para que quem esteja do lado de fora nos compreenda. Na sociedade, ninguém duvida de que nós formamos bons profissionais, mas ainda é abstrato e distante a maneira como o conhecimento produzido aqui impacta na vida das pessoas lá fora.” 

Universidade ideal para o futuro?

Sobre as visões que a candidata tem para a universidade do futuro, Sandramara Chaves afirmou: “A universidade do futuro vai olhar para as pessoas que a constroem, mas também para a sociedade que nos mantêm. Teremos de desenvolver um trabalho através de extensão, inovação, cumprindo nosso papel de dar respostas. Teremos de estar preparados para lidar com novas tecnologias, processos da informação, sermos capazes de realizar pesquisa na fronteira do conhecimento, e perceber demandas da sociedade.”

Maria Clorinda Fioravantis afirmou: “Precisamos pensar que as novas tecnologias nos moverão, mas que temos que continuar centrados nas pessoas. Humanização. Aparelhar melhor nossas estruturas para vencer a inércia da burocracia. Além disso, devemos nos atentar para os marcos de desenvolvimento sustentável. Para além de tudo, temos o papel de promover a manutenção do Cerrado alicerçado na vontade de dizer que somos o centro do Brasil.”