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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 07/01/2021 - Jornal do Professor

(JP Online) - Contra intervenção de Bolsonaro, Universidade Federal de Pelotas terá gestão compartilhada por dois reitores

(JP Online) - Contra intervenção de Bolsonaro, Universidade Federal de Pelotas terá gestão compartilhada por dois reitores

A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) decidiu em reunião virtual nesta quinta-feira (07/01), que será gerida por dois reitores: Isabela Fernandes Andrade, nomeada pelo presidente Jair Bolsonaro, e Paulo Roberto Ferreira Júnior, primeiro colocado na lista tríplice apresentada pela comunidade acadêmica. A universidade é a primeira no Brasil a desafiar as intervenções do presidente contra a autonomia universitária.

Atual reitor da UFPel, Pedro Hallal, defendeu a autonomia da comunidade acadêmica e criticou a postura de Bolsonaro. “O presidente jamais terá sossego na nossa universidade. A gestão compartilhada é um ato histórico de resistência. Quem manda na UFPel é a nossa comunidade”, declarou.

Em dezembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, determinou que Bolsonaro passasse a seguir a lista tríplice na nomeação dos reitores e dos vice-reitores das instituições federais. A ordem foi proferida nos autos da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 759. Mesmo assim, o presidente voltou a ignorar a autonomia universitária ao não nomear o nome mais votado da lista.

Ainda na reunião, o atual reitor declarou que a UFPel vai continuar lutando juridicamente pela posse legal de Paulo Roberto Ferreira Júnior como reitor. “Nossa universidade terá a primeira dupla de reitores da sua história. Os dois vão trabalhar juntos, tomando decisões sobre o futuro. Eles estarão juntos nas formaturas, nas reuniões com entidades e autoridades”, declarou.

Na ação que tramita no STF, o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato) atua como amicus curiae. Ainda em dezembro, o departamento jurídico da entidade foi responsável por sustentação oral para o julgamento virtual da cautelar da ADPF. “Há uma clara campanha para privilegiar candidatos alinhados com o Governo Federal para ocupar as reitorias, independente das escolhas expressas pela comunidade acadêmica”, afirmou o advogado Elias Menta.

Desde o início do seu mandato, Bolsonaro nomeou 20 reitores de forma arbitrária. Sete são pro tempore, que sequer disputaram eleições. Os outros 13 não ficaram em primeiro lugar na consulta pública.