Notícias
Autor: Ascom Adufg-Sindicato
Publicado em 11/08/2022 - Notícias
Adufg-Sindicato participa de coleta de assinaturas de carta pela democracia
Documento reforça o chamamento à democracia, uma vez que o presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores têm feito ataques o sistema eleitoral brasileiro
Representantes do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato) participaram na noite de quarta-feira (10/08), da coleta de assinaturas para a "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”. O documento foi elaborado pela Universidade de São Paulo (USP) com o objetivo de reforçar o chamamento à democracia, uma vez que o presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores têm feito ataques o sistema eleitoral do País. A coleta de assinatura reuniu lideranças goianas das mais diferentes áreas, como entidades sindicais e movimentos sociais.
Na ocasião, o presidente do Adufg-Sindicato, professor Geci Silva, ressaltou que a mobilização é fundamental para preservar os direitos de toda a sociedade. “O Adufg é defensor da democracia, da educação, das universidades e dos direitos dos trabalhadores. Fazer parte desse movimento é muito importante para preservar o sistema democrático brasileiro”, afirmou.
O docente também criticou os ataques do presidente da República. “O sistema eleitoral do Brasil é exemplo para outros países. Bolsonaro ataca o a democracia porque é negacionista, não respeita a ciência e a democracia. É um presidente que faz questão de se posicionar como inimigo dos serviços públicos e que trouxe grandes prejuízos para toda a sociedade”, declarou.
A diretora de Convênios e de Assuntos Jurídicos do Adufg, professora Ana Christina Kratz, fez questão de assinar o manifesto. “Não poderíamos deixar de fazer parte de um momento tão sério. Ditadura nunca mais”, disse.
Leia a íntegra da Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito
Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos Cursos Jurídicos no País, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.
A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o estado democrático de direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais.
Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal.
Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular.
A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral.
Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude.
Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos.
Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições.
Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional.
Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão.
Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática.
Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos as brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições.
No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições.
Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona:
Estado Democrático de Direito Sempre!!!!