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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 25/05/2023 - Notícias

Jovens têm se afastado das carreiras em licenciatura, aponta Enade

Cerca de 19% dos estudantes de licenciatura no Brasil não têm interesse em trabalhar como professores

Jovens têm se afastado das carreiras em licenciatura, aponta Enade

De acordo com os dados do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) de 2021, cerca de 19% dos estudantes de licenciatura no Brasil não têm interesse em trabalhar como professores. Especialistas em educação atribuem essa falta de interesse à baixa remuneração e às más condições de trabalho enfrentadas pelos professores. A formação inicial de professores foi identificada como um dos principais desafios da educação brasileira, levando o ministro Camilo Santana a criar um grupo de trabalho para propor mudanças curriculares nas licenciaturas e incentivar os jovens a seguir nessa carreira.

Os dados do Enade revelam que, dos 305.215 concluintes de licenciatura que responderam ao questionário, 14% afirmam não querer a docência como sua principal função, enquanto 5% descartam completamente a carreira de professor. Estudos anteriores já haviam alertado para o risco de déficit de professores no futuro, prevendo uma falta de 235 mil docentes até 2040, caso o ritmo atual de formação se mantenha.

A pesquisa da OCDE de 2018 já havia apontado o Brasil como o país com o menor percentual de jovens interessados em se tornar professores, com apenas 2,4% dos alunos de 15 anos manifestando esse desejo. Os estudantes de licenciatura apontam a vocação como a principal motivação para a escolha do curso, representando 35% das respostas. No entanto, alguns estudantes mencionam a falta de condições financeiras para fazer outro curso (3%) e a ausência de opções de bacharelado na área (2%) como fatores que influenciaram sua decisão.

Em matéria da Folha, especialistas destacam que as condições precárias da carreira docente levam muitos licenciados a buscar outras opções profissionais. Alunos formados em áreas como química e física, por exemplo, costumam encontrar melhores salários no setor privado do que em sala de aula. Além disso, a falta de atratividade dos currículos das licenciaturas, considerados teóricos demais e desconectados da realidade da sala de aula, também contribui para que muitos estudantes desistam de seguir a carreira de professor.

A pesquisa mostra o agravamento de um cenário que já é bastante preocupante, já que há um déficit de professores da Educação Básica. O relatório sobre o Censo da Educação Superior, publicado pelo Observatório, apresentou a pesquisa realizada por Nani Junilia de Lima entre 2016 e 2019 revela a importância da formação de professores como um exemplo ilustrativo do problema central abordado. A pesquisadora investigou a necessidade de graduados em licenciaturas e pedagogos para o cumprimento de metas relacionadas à Educação Básica. Para alcançar a erradicação do analfabetismo absoluto, a universalização das matrículas e a oferta de educação em tempo integral para 50% das crianças brasileiras, há um déficit de 1.216.294 pedagogos, por exemplo.