Notícias
Autor: Ascom Adufg-Sindicato
Publicado em 03/06/2025 - Notícias
Obesidade infantil atinge 224 milhões de crianças no mundo e exige atenção urgente da sociedade
Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil busca alertar sobre os perigos da doença e a importância da prevenção desde os primeiros anos de vida

A obesidade infantil é considerada hoje um dos maiores desafios de saúde pública pediátrica no mundo. De acordo com a diretora do Adufg-Sindicato e professora da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás (Fanut-UFG), Glaucia Carielo, a obesidade é uma doença multifatorial. “Ela pode ter origem genética, estar relacionada à alimentação nos primeiros anos de vida, ao consumo de ultraprocessados, sedentarismo, entre outros fatores”, explica.
A professora reforça que a obesidade não deve ser encarada como uma questão de responsabilidade individual. “Vivemos em um ambiente que desestimula a alimentação saudável. Muitos fatores fogem da decisão pessoal, como o acesso limitado a alimentos in natura e as condições socioeconômicas que favorecem a escolha por alimentos prontos e mais baratos”, destaca.
Diante desse cenário, o Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil, celebrado nesta terça-feira (3), busca chamar atenção para o problema e reforçar a necessidade de políticas públicas, informação e apoio às famílias para enfrentar a doença. Estima-se que cerca de 224 milhões de crianças em idade escolar convivam com a condição, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Brasil, a situação também preocupa: uma em cada três crianças entre cinco e nove anos está acima do peso, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, a exposição precoce a alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, sal e gordura, é apontada como um dos principais fatores de risco.
Principais vilões
Glaucia Carielo alerta ainda para os efeitos neurológicos do consumo precoce de ultraprocessados. “Esse tipo de alimentação pode causar mudanças permanentes no cérebro, especialmente no hipotálamo, que regula a saciedade. Isso dificulta o controle do apetite ao longo da vida”, explica.
O uso excessivo de telas, como celulares e televisores, também contribui para o sedentarismo e a obesidade. A recomendação da OMS é que crianças com menos de dois anos não tenham nenhum contato com telas, mas essa orientação nem sempre é seguida. “Os pais ainda não estão conscientes dos danos que a exposição precoce às telas pode causar”, observa a especialista.
A obesidade infantil está associada a uma série de problemas de saúde. Crianças com excesso de peso têm maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes tipo 2, problemas respiratórios e ortopédicos, além de impactos psicológicos, como baixa autoestima, transtornos alimentares e isolamento social.
Políticas públicas
Apesar da gravidade do problema, o combate à obesidade infantil ainda enfrenta obstáculos, especialmente nas áreas mais vulneráveis. A insegurança urbana e a falta de infraestrutura para práticas esportivas afastam as crianças da atividade física.
“Academias ao ar livre e ciclovias não alcançam as periferias. A desigualdade no acesso às políticas públicas de saúde contribui para o agravamento do problema”, afirma Glaucia. As escolas devem ser ambientes livres de propaganda infantil. Não se trata de prejudicar a indústria, mas de proteger um público vulnerável”, enfatiza a professora.
Além disso, combater o estigma da obesidade é essencial. “Muitas pessoas não procuram ajuda por vergonha, achando que a culpa é delas. É fundamental entender que a obesidade é uma doença crônica, e como qualquer outra, exige tratamento com apoio profissional”, reforça.
Informação disponível para todos
A professora participou do desenvolvimento e atualização do curso "Obesidade Infantil: Uma Visão Global da Prevenção e Controle na Atenção Primária", voltado para equipes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas que pode ser acessado pelo público em geral.
A capacitação foi reformulada para responder aos desafios atuais da obesidade infantil no Brasil, cujas consequências ultrapassam a infância, afetando a saúde ao longo da vida e gerando impactos econômicos significativos.
O curso considera ainda o papel estratégico da Atenção Primária à Saúde (APS), que atua na base do sistema público e tem papel central na implementação de ações intersetoriais e multidisciplinares.
Para Glaucia Carielo, a capacitação é um passo essencial para fortalecer a atuação dos profissionais e garantir um cuidado mais integral às crianças. “O combate à obesidade infantil começa com o olhar atento e qualificado dos profissionais da saúde. O curso busca justamente dar suporte a esse trabalho, promovendo ações efetivas e alinhadas com as realidades locais”, afirma a professora.
O curso está disponível em formato virtual e faz parte de uma série de iniciativas do Ministério da Saúde para qualificar a atenção básica e enfrentar um dos problemas de saúde mais urgentes da atualidade. Para acessar basta clicar aqui.
A prevenção da obesidade infantil começa em casa e deve envolver toda a família. Adotar hábitos saudáveis desde cedo é fundamental para garantir o crescimento adequado e o bem-estar das crianças.
Veja algumas orientações:
Alimentação saudável
Priorizar alimentos in natura, como frutas, legumes, verduras e grãos integrais.
Evitar alimentos ultraprocessados, como salgadinhos, refrigerantes, bolos e embutidos.
Incentivar o consumo de água em vez de sucos artificiais e bebidas açucaradas.
Envolver as crianças no preparo das refeições e respeitar sua saciedade.
Atividade física
Estimular brincadeiras ao ar livre, esportes e movimentação diária.
Encontrar atividades que despertem interesse, como dança, futebol ou natação.
Estabelecer uma rotina com pelo menos 60 minutos diários de atividade física, conforme orienta a OMS.
Redução do tempo de tela
Limitar o uso de dispositivos eletrônicos.
Promover interações sociais e brincadeiras criativas longe das telas.
Participação da família
Pais e responsáveis devem dar o exemplo com hábitos saudáveis.
Evitar o uso da comida como recompensa ou consolo.
Criar um ambiente acolhedor e estruturado, com horários para refeições e sono.
Monitoramento e acompanhamento
Utilizar a Caderneta de Saúde da Criança para acompanhar o crescimento e desenvolvimento.
Consultar profissionais de saúde, como nutricionistas e pediatras, sempre que necessário.
Em casos mais graves, buscar acompanhamento com endocrinologistas ou especialistas.