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Aposentados e pensionistas são assediados, por telefone, com ofertas que vão de empréstimos consignados a plano funerário
Recém-aposentados são alvos preferenciais porque ainda não têm empréstimos consignados feitos e podem comprometer até 45% do benefício com dívidas.

Além de descontos indevidos, aposentados e pensionistas do INSS reclamam do assédio que sofrem, por telefone, com ofertas de empréstimos consignados e até de plano funerário.
Recém-aposentados são alvos preferenciais porque ainda não têm empréstimos consignados feitos e podem comprometer até 45% do benefício com dívidas.
E não é de hoje que o dinheiro da Previdência é saqueado por fraudadores, e que aposentados, pensionistas e beneficiários são assediados e têm seus dados vazados. Desde que foi criado, em 1990, o instituto que deveria proteger o dinheiro poupado e o sossego de quem se aposentou tem falhado com frequência nessa tarefa. E faz tempo que a sucessão de escândalos enche o noticiário com fraudes milionárias, bilionárias e de todo tipo, envolvendo acesso a informações que deveriam estar protegidas.
O novo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, explicou que até duas semanas atrás os dados dos segurados estavam abertos, mas que isso mudou.
"Ela ficava aberta para que as instituições financeiras pudessem olhar, conferir e de alguma forma oferecer produtos. A gente mudou essa realidade e hoje, a partir do momento que ele contrata o consignado, essa autorização para colheita, para poder analisar, para verificar a sua margem, ela fecha e só abre novamente com autorização do nosso segurado", afirmou.
A Defensora Pública Federal, que atua junto ao INSS, diz que o atual bloqueio para novos descontos e consignados - feito depois do escândalo das associações fraudulentas - deveria servir como ponto de virada para denúncias nunca resolvidas, que atingem principalmente aqueles com mais dificuldades de entender, se informar e se proteger.
"Eu fico frustrada principalmente de saber que nós já identificamos esse problema há um certo tempo. E já tentamos o diálogo e muitas vezes a gente não conseguiu ter uma solução linear e efetiva para todo mundo”, afirma Maíra Mesquita, defensora pública federal e coordenadora da Câmara de Coordenação e Revisão Cível da DPU.
Há duas semanas no cargo o novo presidente que já foi corregedor e ouvidor do INSS promete.
"Assédio vai acabar e se tiver o assédio, denuncie. Nos auxilie a combater essa prática irregular", declarou Gilberto Waller.
A Federação Brasileira de Bancos declarou que condena qualquer tentativa de assédio ou fraude na prestação de serviços e produtos bancários. E que, desde que a autorregulação do consignado entrou em vigor, em 2020, aplicou 1,4 mil medidas administrativas.