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Pesquisadores da UFG desenvolvem modelo de IA para o Google
Ferramenta foi batizada de Gaia

Um modelo de inteligência artificial (IA) otimizado para o português falado no Brasil já pode ser acessado por usuários de todo o País. O Gaia foi anunciado nesta terça-feira (10/6), durante o Google for Brasil, como uma parceria da gigante com a Universidade Federal de Goiás (UFG) - a primeira universidade do Brasil a ter um curso voltado para IA.
Com código aberto, o modelo pode ser usado para aplicações específicas do Brasil e já está sendo utilizado por órgãos como o Tribunal de Contas (TCE) de Goiás e o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar).
Alimentado pelo Gemma 3, uma coleção de modelos de inteligência artificial (IA) abertos, o Gaia tem capacidade de atuar em atividades generativas e de análise, focado em informações em português e com histórico de dados brasileiros. A ideia é usar o modelo em produtos que possam explorar áreas como IA conversacional, tradução e geração de textos.
“O desenvolvimento de um modelo melhor adaptado para o português do Brasil atende à necessidade de soluções de IA que sejam aprimoradas com nuances linguísticas do Brasil. Espera-se que o Gaia beneficie indústrias e o desenvolvimento de tecnologia no País, permitindo que organizações brasileiras apliquem IA de acordo com suas necessidades específicas”, afirma Celso Camilo, professor do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia) da UFG.
A chegada do modelo amplia as poucas opções de modelos especializados em português, território explorado pelo Sabiá, da startup paulista Maritaca AI, e pelo Tucano, criado pelo pesquisador Nicholas Kluge da Universidade da Universidade de Bonn (Alemanha).
Tendência
Na semana passada, o Itaú disponibilizou um conjunto de dados focados em português, batizado Aroeira. Ele tem código aberto e pode ser usado por qualquer pesquisador da área.
Como os concorrentes mais antigos, o Gaia deve ser testado por empresas e órgãos dos setores públicos e privados espalhados pelo Brasil, como o Tribunal de Contas (TCE) de Goiás para detecção de similaridade de processos; o Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO) para auxiliar na extração de informações e fiscalização de editais; a Unimed Fesp para validação de diagnósticos de discopatia nos prontuários; a BeNext para o desenvolvimento de chatbots conversacionais; a BHub para aplicações de apoio ao cliente; e o Centro de Estudos e Sistemas Avancados do Recife (CESAR) na área de educação.
De acordo com Luciano Martins, líder técnico do time de relacionamento com desenvolvedores da DeepMind, o grande trunfo do Gaia é estar adaptado para a realidade brasileira na hora de resolver problemas.
“Ao lado de pesquisadores e dos nossos parceiros brasileiros, queremos ajudar a democratizar o acesso à IA de alta qualidade e capacitar desenvolvedores e organizações em mercados-chave como o Brasil para criar a próxima geração de aplicações de IA”, explicou Martins.
O modelo de IA está disponível com código aberto na plataforma Hugging Face e está integrado ao Vertex AI Model Garden do Google Cloud.
Gaia
O Gaia é produto de uma colaboração entre a Associação Brasileira de Inteligência Artificial (ABRIA), o Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (CEIA-UFG), sob a coordenação dos professores Celso Camilo e Sávio Teles, e as startups Amadeus AI e Nama, com o apoio do Google DeepMind.
Ao Estadão, Martins diz que o Google continua aberto a conversas com outros atores desenvolvendo IAs em português. “A gente conversa também com clientes que desenvolvem, mas a gente não tem recursos para conversar com todas as iniciativas do tipo. Seguimos abertos a iniciativas de modelos especializados”, disse.