Projeto de extensão da faculdade de enfermagem da UFCAT transforma o cuidado com idosos em instituição de longa permanência

A Faculdade de Enfermagem da UFCat realiza um  importante projeto de extensão voltado à capacitação de cuidadores de idosos e à assistência direta aos moradores de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs). Intitulado “Capacitação de Cuidadores de Idosos”, o projeto alia ensino, pesquisa e prática assistencial, promovendo uma formação mais humana e técnica tanto para os estudantes quanto para os profissionais que atuam nesses espaços.

Liderados pela professora Dra. Ivânia Vera, cada estudante é responsável por acompanhar um idoso, realizando uma coleta completa de dados socioeconômicos e de saúde. Essa avaliação inclui escalas para mensurar capacidade funcional, cognição, dificuldades de deglutição, saúde mental, risco de depressão, entre outros aspectos, compondo uma visão multidimensional do estado de saúde de cada idoso. 

À reportagem do Adufg-Sindicato, a professora explicou como funcionam os primeiros passos do projeto. “Priorizamos os novos moradores que ainda não têm prontuário. A partir da avaliação, conseguimos montar o histórico completo, muitas vezes com ajuda das famílias, e isso faz toda a diferença na assistência”, explica Ivânia.

Além da atuação direta com os idosos, os estudantes também contribuem com a gestão institucional. Um exemplo é a elaboração de protocolos de segurança, baseados nas diretrizes do Ministério da Saúde, que estão sendo finalizados para entrega. Segundo Ivânia, essa admissão também segue um protocolo validado e reconhecido. “O Ministério Público de Goiás conheceu nosso trabalho pelo projeto de extensão e recomendou o uso do nosso formulário de admissão como padrão para as instituições do município”, destaca.

Neste semestre, a novidade foi a inclusão da avaliação de acuidade visual com o uso da Escala Optométrica de Snellen. Trata-se de teste simples e portátil que permite detectar dificuldades visuais e encaminhar os idosos para avaliação oftalmológica. Pessoas não letradas são avaliadas com tabelas adaptadas com símbolos e figuras. A ação contou com apoio da Clínica Oftalmed, que realiza as consultas gratuitamente.

Quando há prescrição de óculos, a universidade busca apoio da comunidade para confeccionar as lentes corretivas. “Atitudes simples como estas impactam positivamente a vida de idosos institucionalizados, promovendo saúde e dignidade. Trazer a alegria de exagerar novamente para uma pessoa não tem preço, afinal, cuidar da visão é cuidar da vida”, afirma a professora.

Carinho e retribuição

O retorno dos idosos a toda essa atenção é visível. “Eles gostam muito da gente. Quando chegamos, mudamos o ambiente. Temos uma relação de carinho e respeito. Vemos tanto a evolução quanto os efeitos naturais do envelhecimento. Mas o que mais importa é como conseguimos transformar a rotina do lugar com o cuidado, com o toque humano, com a escuta”, relata Ivânia emocionada.

A professora ressalta ainda a importância de capacitar os cuidadores, pois são eles que garantem a continuidade do cuidado após a intervenção dos estudantes. “Alteramos o modo de cuidar ao ensinar, orientar, oferecer novas práticas. É um processo que vai muito além da sala de aula, é transformação social.”

Todas as ações são pautadas por critérios científicos, desde a escolha da escala até a análise e devolutiva dos dados. “Não se trata apenas de aplicar um questionário, mas de interpretar os resultados com base na literatura, documentar adequadamente e entregar um retorno técnico aos idosos e também aos gestores da instituição”, destaca.

Os relatórios orientam decisões importantes, como a necessidade de contratação de cuidadores ou melhorias no cardápio alimentar. “É uma atividade fundamentada, que alia o conhecimento teórico à prática assistencial, oferecendo suporte técnico para a gestão das ILPIs”, conclui.

Ivânia afirma ainda que as ações desenvolvidas no projeto de extensão dariam material para muitas outras reportagens, dada a profundidade e o impacto das atividades. Em cada visita, em cada prontuário preenchido, um novo capítulo de cuidado é escrito com ciência, empatia e compromisso com a vida.