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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 30/11/2020 - Jornal do Professor

(JP Online): Antipolítica perdeu força nas eleições de 2020

(JP Online): Antipolítica perdeu força nas eleições de 2020

“A antipolítica que triunfou em 2018 ficou enfraquecida com as eleições de 2020. Os partidos que estruturam o sistema político brasileiro, derrotados pela onda da polarização de dois anos atrás, voltaram a ganhar força”, afirma a professora da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (FCS-UFG), Denise Paiva, ao analisar os resultados das eleições municipais no Brasil. “A polarização, que ainda é forte no debate e nas redes sociais, não foi efetivada no voto. O PSL, que ganhou força em 2018, agora apresentou um desempenho pífio”, ressalta.

Sobre o desempenho da esquerda, a docente explica que, embora candidatos como Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, e Manuela D’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre, não tenham vencido, acabaram consolidando suas legendas e também ganharam o protagonismo político, que, antes, pertencia somente ao PT. “É uma nova geração dentro da esquerda. É visível que partidos que eram ‘satélites’ cresceram e que houve uma renovação no campo da esquerda”, explica.

Em Goiânia, Maguito Vilela (MDB) venceu com pouco mais de 52% dos votos válidos, mesmo internado há mais de um mês em tratamento contra o novo coronavírus (Covid-19). Ele segue sedado e entubado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Para a docente, a vitória de Maguito mostra que o MDB tem força em Goiás. No entanto, segundo ela, a margem apertada da votação (pouco mais de 5%) pode ser atribuída ao estado de saúde do candidato e também a estratégica da coordenação de campanha de ter não ter deixado o vice-prefeito eleito, Rogério Cruz (Republicanos), na linha de frente.

Ainda sobre Goiânia, a professora também acredita que faltou ao candidato derrotado, Vanderlan Cardoso (PSD), medir o tom. “Foi uma campanha muito agressiva ao passo que o adversário enfrentava uma condição de saúde muito delicada”, acredita.

Abstenção e representatividade feminina
Em todo o Brasil, cresceu a ausência do eleitor nas urnas, com a média nacional batendo 30%. “A abstenção vem crescendo ano a ano. É o momento da sociedade discutir a obrigatoriedade do voto. Isso só é explicado em parte pelo contexto da pandemia”, propõe Paiva. “O voto facultativo pode ser importante por obrigar os partidos a mobilizar, a convencer o eleitor a votar. Os partidos seriam obrigados a repensar suas estratégias de engajamento com o eleitorado”.

Em outra frente, tudo ficou no mais do mesmo. “Nenhuma mulher foi eleita nas capitais, com exceção de Palmas, em que Cinthia Ribeiro (PSDB-TO), foi reeleita no primeiro turno. Não basta ter incentivos: eles precisam chegar às mulheres. As mulheres seguem sem ter uma participação efetiva”.