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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 24/07/2025 - Notícias

Professores da UFG preparam lançamento de livro sobre políticas para mulheres

Professores da UFG preparam lançamento de livro sobre políticas para mulheres

Os professores Dijaci David de Oliveira e Rayani Mariano dos Santos, da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG) e filiados ao Adufg-Sindicato, estão preparando o lançamento do livro Políticas para mulheres em Goiânia: perspectivas de gênero, violências e enfrentamento das desigualdades. A obra é coorganizada com Ana Paula de Castro Neves, servidora do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae) da UFG, e reúne ensaios e artigos que traçam um panorama das diversas formas de violência, discriminação e desigualdade que afetam as mulheres em Goiânia, além de apresentar políticas públicas voltadas ao enfrentamento dessas questões.

De acordo com a introdução da publicação, “as mulheres goianienses, em grande parte, ainda são vítimas da violência doméstica, da discriminação no mercado de trabalho e da falta de acesso a serviços essenciais”. O livro aborda quatro eixos principais: a violência contra a mulher, a saúde, a educação e a valorização de políticas participativas, com destaque para ferramentas estratégicas como o Observatório Municipal da Violência contra as Mulheres.

O livro será publicado pelo Centro Editorial e Gráfico (Cegraf) e estará disponível tanto em versão impressa quanto digital, o que, segundo os organizadores, deve ampliar seu alcance e facilitar a circulação do conteúdo. “Como todos sabem, o livro ainda é bem caro no Brasil. O formato ebook objetiva tanto ampliar o acesso quanto estimular a leitura e a crítica sobre os trabalhos. Quanto mais conseguirmos isso, melhor”, afirma Dijaci.

Rayani e Ana Paula reforçam essa perspectiva, destacando que os temas abordados podem fomentar ações coletivas transformadoras. “Espero que ele traga a importância de termos um Observatório de Mulheres em Goiânia”, diz Rayani. Ana Paula complementa: “Mais do que apresentar dados, o livro busca comunicar realidades muitas vezes invisibilizadas e, ao estar disponível digitalmente, ele pode dialogar com pesquisadoras, estudantes, gestoras e ativistas de diferentes regiões”.

Origens e experiências
A ideia para o livro surgiu a partir da proposta de construção de um observatório de direitos para mulheres. “Existem experiências de outros observatórios no Brasil, que atuam de forma complementar a outros órgãos, ao mesmo tempo em que emergem como agências autônomas e críticas sobre as políticas públicas para mulheres. Já o livro nasceu da necessidade de consolidar dados e oferecer material que sirva de base para discutir o que vem sendo feito nessa área”, explica Dijaci.

Os três autores têm trajetória consolidada na temática dos direitos humanos e das desigualdades de gênero. Dijaci atua no campo desde 1998, quando participou do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) e lançou o livro Primavera já partiu: retrato dos homicídios femininos no Brasil. Rayani é mestre e doutora em Ciência Política, com foco em desigualdades de gênero. Já Ana Paula é doutoranda em Direitos Humanos pela UFG, com pesquisa voltada à análise interseccional das relações entre mídia e mulheres defensoras de direitos humanos. “Ao longo dos anos, também atuei como assessora jurídica no CREAS de Goiânia, lidando diretamente com situações de violação de direitos humanos, especialmente contra mulheres, crianças e adolescentes”, destaca Ana Paula.

Mesmo com os avanços conquistados no campo normativo, os autores apontam que ainda há lacunas práticas significativas a serem superadas para um combate efetivo à violência de gênero. “Aprova-se muita lei, mas não se disponibilizam os recursos necessários para viabilizar as propostas. Faltam quadros técnicos, dotação orçamentária e estudos específicos. Por isso estamos empenhados em concretizar a proposta do Observatório”, afirma Dijaci.

Ana Paula complementa: “Mais do que respostas emergenciais, o que precisamos são compromissos duradouros, sustentados por vontade política, investimentos concretos e participação social ativa. Quando uma política pública é interrompida por mudança de gestão ou falta de recursos, o impacto recai diretamente sobre as mulheres que mais precisam dela”.

Os professores também ressaltam os desafios enfrentados por professoras, pesquisadoras e militantes no combate à violência de gênero em Goiânia. Um dos principais entraves, segundo eles, é a falha e a ausência de dados públicos confiáveis sobre o tema. “Muitas informações cruciais não são coletadas, o que inviabiliza cruzamentos e análises mais aprofundadas”, explica Dijaci.

“Acreditamos que enfrentar a violência de gênero exige, antes de tudo, tornar visível o que tentam esconder. Produzir e compartilhar conhecimento, articular saberes e promover o diálogo entre universidade, poder público e sociedade civil é parte essencial dessa luta”, conclui Ana Paula.