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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 25/03/2020 - Notícias

“Reduzir salários diante da crise do coronavírus não fez sentido algum e pode piorar situação”, afirma professor de Economia da UFG

Para o docente e doutor em Economia, Everton Sotto Tibiriçá Rosa, o Governo Federal precisa adotar uma economia de guerra e oferecer garantias à população. Adufg-Sindicato acompanha atentamente questões relacionadas ao assunto e está pronto para defender os trabalhadores

“Reduzir salários diante da crise do coronavírus não fez sentido algum e pode piorar situação”, afirma professor de Economia da UFG

“Redução de salários diante da crise do coronavírus não faz sentido nenhum. É uma medida contraproducente”, afirma o professor da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), Everton Sotto Tibiriçá Rosa. A avaliação do docente é feita diante de possíveis ações, como o Projeto de Lei (PL) nº 699/20, que permitiria a redução de jornada e trabalho dos trabalhadores no caso de emergências de saúde, pública, de calamidades ou desastres naturais. O projeto ainda não foi despachado às comissões da Câmara dos Deputados

De acordo com o professor, a medida não é produtiva diante do cenário de crise. “É uma proposta que destrói a renda das pessoas. Não há nenhuma justificativa para fazer isso”, avalia. Segundo Everton, não há qualquer embasamento ou estudo econômico por trás desse tipo de projeto. “Há, no máximo, estudos que apontam como isso pode afetar o teto de gastos imposto pelo governo em relação à folha salarial”, explica.

O docente ressalta, ainda, que a medida pode agravar a crise e, na prática, é apenas uma questão de oportunismo do governo, que já queria cortar salários dos servidores públicos antes mesmo da crise com a pandemia. “O Governo Federal e o Congresso impuseram o teto de gastos, cortaram investimento público e querem cortar de um jeito ou de outro o salário dos funcionários. Se isso for aceito, vamos ficar em uma espiral de cortes do funcionalismo que não tem previsão de acabar, porque o problema já era muito grave antes da pandemia e vai ficar mais grave”, alerta.
 
Everton critica o Governo Federal por sua falta de visão e uma aguda miopia econômica. “A equipe econômica só pensa em austeridade fiscal. Nesta crise, você precisa de medidas robustas para injetar liquidez na economia e ampliar gasto público e a equipe econômica só sabe fazer cortes”, salienta.
 
O professor defende que, de fato, a economia não pode parar, mas romper a quarentena não é a solução, muito menos cortar salários ou oferecer empréstimos. Para ele, o Governo Federal está cego para a gravidade da situação. “Nós deveríamos adotar uma economia de guerra, que é elencar quais setores são essenciais, garantir que o abastecimento da população vai continuar, manter a população no isolamento social. É uma questão de organização e planejamento e o Governo Federal não assumiu a dianteira deste processo”.
 
Para o professor, as medidas são cada vez mais emergenciais, já que a quarentena deve se estender pelas próximas semanas. “A situação é precária e o discurso do presidente é totalmente irresponsável”, critica.
 
Acompanhamento jurídico 
À luz da preocupação dos professores com estes possíveis cortes, o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato), por meio de sua equipe jurídica, tem acompanhado atentamente os movimentos do Congresso Nacional neste sentido e já emitiu parecer junto à Proifes-Federação se expressando de maneira contrária à tais medidas e está pronto para engajar a União legalmente caso tais projetos sigam adiante.
 
Segundo o presidente do Adufg, professor Flávio Alves da Silva, os professores podem confiar ao sindicato uma resposta rápida caso os parlamentares se movam nesse sentido. “Nossas equipes do sindicato e da Proifes-Federação estão atentas para agir quando estas propostas forem apresentadas”, garante.