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Autor: Ascom Adufg-Sindicato
Publicado em 05/09/2019 - Notícias
Câmara fria da EVZ é lacrada e forno incinerador está há três meses sem gás
Pró-Reitoria de Finanças informou que está providenciando a compra emergencial de gás, mas diretoria adianta que uma carga não será suficiente

A coordenação do Setor de Patologia Animal (SPA) da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da UFG informou na última segunda-feira (2), que a câmara fria do Setor alcançou sua capacidade máxima de armazenamento e, diante da falta de recursos da Instituição para a aquisição de gás, a mesma foi lacrada até que nova carga de gás seja adquirida e possa servir à redução do grande volume de resíduos biológicos atualmente estocados, que chega quase ao teto da câmara fria. Sem gás, não há como utilizar o forno incinerador e a câmara chegou ao seu limite máximo.
Segundo a professora Maria Clorinda Fiovanti, diretora da EVZ, o incinerador está sem gás desde maio. “Os resultados da redução de recursos já estão acontecendo, isto é inquestionável”, afirma. “A última carga de abastecimento de gás ao incinerador foi em maio. Foi incinerado o montante que deu e mesmo em maio não foi possível limpar completamente a câmara. Permaneceram alguns cadáveres e demais resíduos que estão congelados até o momento de nova incineração. Só temos uma câmara fria e não há um plano B para a estocagem de mais material biológico”.
Por isso estão suspensas, por tempo indeterminado, quaisquer atividades práticas na sala de necropsia do Setor, sejam de essas de cunho didático, de prestação de serviços ou descarte de quaisquer tipos de resíduos. “A câmara está repleta de resíduos biológicos, incluindo cadáveres de diversas espécies animais provenientes de atendimento à comunidade e pesquisa da EVZ e demais Unidades da UFG. Não incineramos lixo hospitalar, mas prestamos serviço de incineração a quaisquer resíduos biológicos de outras Unidades da UFG. Por exemplo, ratos, camundongos, coelhos e resíduos de cultura biológica. Damos adequado destino a todo material com potencial risco biológico produzido na UFG”.
A falta desse recurso pode levar à paralisação do Hospital Veterinário da UFG, das aulas e das pesquisas, inicialmente da EVZ, mas também das Unidades que esta atende, como Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPSTP) e Instituto de Ciências Biológicas (ICB). “É comprar o gás ou parar as atividades de ensino, pesquisa e extensão. Param os hospitais, as aulas e assim a boa parte da rotina de atividades da Universidade”, resume a diretora.
De acordo Veridiana Moura, professora da EVZ e Diretora Secretária do Adufg-Sindicato, as atividades do SPA incluem a realização de exames de auxílio diagnóstico das doenças em animais de produção e estimação, incluindo as zoonoses, comuns a seres humanos e animais. São realizados especialmente exames anatomopatológicos, sendo os resíduos biológicos dos mesmos incinerados. O volume maior de material biológico advém das atividades de prestação de serviço do HV-EVZ-UFG, ou seja, provenientes da comunidade local e do Estado. “Nossos laboratórios prestam diversos serviços veterinários à comunidade de Goiânia e do Estado”, explica a professora. “Somado a isso, nos responsabilizamos pelo destino adequado da maioria dos resíduos biológicos de aulas práticas de diversos cursos da Instituição. É também uma questão de responsabilidade ambiental”.
Há risco contaminante alto. “Grande parte desse material biológico é contaminado com agentes biológicos dos mais diversos, incluindo vírus e bactérias patogênicos. Imaginem se um imprevisto ocorre, falta energia elétrica e não temos como incinerar. O que faremos com tantas toneladas estocadas de material biológico potencialmente contaminante?”, disse Veridiana. “Nosso volume de incineração chega a 50 toneladas/ano, em média 4 toneladas/mês. Em 2018 foram incineradas 45 toneladas de resíduos biológicos no SPA-EVZ-UFG”.
Clorinda conta que se um cavalo morrer hoje, não há muito a fazer. E as alternativas são bem mais danosas e onerosas do que manter em funcionamento nosso próprio incinerador. “É possível pagar para queimar fora, mas é mais caro. Se não tem dinheiro para o gás, imagina para cremar fora”, questiona. “Não podemos enterrar. Talvez a única solução seja atear fogo em campo aberto, que é danoso e tem consequências sérias, mas deixar os cadáveres apodrecendo ao ambiente também não podemos”.
Por falta de recursos, a UFG está sem a coleta de material biológico há algumas semanas e agora as Unidades já sofrem com a falta de insumos e outros serviços básicos. Segundo a professora, mais esse percalço é fruto direto da falta de verbas, cortadas pelo Governo Federal, e que pode gerar efeito cascata, comprometendo o funcionando de Setores da EVZ e outras Unidades Acadêmicas. “É claro que não podemos culpar a gestão. Se o cobertor é curto, é preciso escolher as prioridades. A situação se agravou e chegou o momento em que falta dinheiro para as coisas essenciais”, disse Clorinda. “A Universidade está fazendo o que pode ser feito”.
A Pró-Reitoria de Administração e Finanças (PROAD) já respondeu ao ofício enviado pela EVZ relatando a situação. O despacho afirma que “está sendo providenciada uma aquisição emergencial de 2.800 kg de gás” e que a Reitoria está em contato com a prefeitura de Goiânia em busca de uma solução para o impasse da coleta de lixo.
O Pró-Reitor de Administração e Finanças, Robson Maia Geraldine, disse que além da carga emergencial de gás, realizada na tarde desta terça-feira (3), foi estabelecido um planejamento para que o fornecimento do mesmo não seja interrompido até o final do ano.
Confirmou que a Pró-Reitoria foi de fato antecipadamente informada das demandas da EVZ, assim como de outras Unidades, e afirmou que a intensificação dessa crise é fruto direto da falta de recursos causada pelos cortes por parte do Governo Federal no orçamento de custeio. “A falta de pagamento e a impossibilidade de fazer novas licitações nos conduziu à situação de hoje. O bloqueio tem ação direta e de longo prazo sobre os problemas que vivemos hoje”, disse.
O professor acrescentou que na atual situação, não há um plano alternativo. “Tudo o que podíamos fazer, desde o início, foi feito. Estamos procurando mostrar ao Ministério a importância desses recursos para o funcionamento pleno até o final do ano. Esse trabalho tem sido realizado semanalmente junto ao MEC e acreditamos que conseguiremos convencê-los. É um trabalho árduo e continuaremos até o final do ano”, finaliza.