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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 09/06/2025 - FAPEG, Na mídia

Projeto propõe redução de impactos ambientais nas bacias hidrográficas do Cerrado

Projeto propõe redução de impactos ambientais nas bacias hidrográficas do Cerrado

Financiado pela Fapeg e Capes, o projeto vai estruturar uma rede de pesquisa interdisciplinar entre programas de pós-graduação nas áreas de Ciências Ambientais, Biodiversidade e Biotecnologia, com ações de internacionalização e interiorização para ampliação de estudos sobre bacias hidrográficas do Cerrado. Além do fortalecimento dos cursos de pós-graduação, o projeto propõe identificar poluentes ao longo dos rios do Cerrado, desenvolver processos sustentáveis de despoluição da água e metodologias inovadoras de monitoramento da qualidade da água

O Governo de Goiás, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) estão investindo R$ 3.740.000,00 em projetos a serem executados pela Rede de Pesquisa em Segurança Hídrica e Sociobiodiversidade para o Desenvolvimento Sustentável do Cerrado (Rede HidroCerrado). A Rede é um dos quatro projetos apresentados pela Fapeg e aprovados pela Capes no edital 12/2023 – Redes de Pesquisa e Desenvolvimento da Região Centro-Oeste – Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação – Parcerias Estratégicas nos Estados (PDPG Centro-Oeste).

Os trabalhos foram iniciados em março com previsão de conclusão no primeiro semestre de 2029. Os pesquisadores vão monitorar poluentes emergentes em rios do Cerrado e investigar seus impactos ambientais, de forma interdisciplinar, e propor formas de mitigação com a bioprospecção e desenvolvimento de bioprodutos do Cerrado. Em Goiás, os cientistas vão desenvolver suas pesquisas na bacia do rio Meia Ponte, uma vez que estudos prévios dos pesquisadores da Rede apontam contaminação desde a nascente até a foz; e na bacia Araguaia-Tocantins, com perspectivas de ações mitigadoras e de educação ambiental nos municípios, contando com a colaboração de pesquisadores do projeto Araguaia Vivo 2030 para apoio logístico.

A coordenadora da Rede, a professora Samantha Caramori, do curso de pós-graduação Recursos Naturais do Cerrado da Universidade Estadual de Goiás (UEG), explica que serão monitorados poluentes emergentes em rios do Cerrado e apresentadas soluções baseadas na natureza para auxílio na resolução de problemas ambientais. A rede é interdisciplinar e conta com a participação de pesquisadores dos programas de pós-graduação (PPGs) da Universidade Evangélica de Goiás (UniEvangélica) – Anápolis; da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás); do Instituto Federal de Goiás (IFG); da Universidade Católica Dom Bosco (MS); da Universidade Federal da Grande Dourados (MS); e da Universidade de Brasília (UnB).

Este é o objetivo do edital da Capes: apoiar projetos de formação de recursos humanos para pesquisa, desenvolvimento e inovação sustentáveis, em eixos estratégicos de Bioeconomia, Biotecnologia e Biodiversidade, conduzidos por Programas de Pós-Graduação (PPGs) stricto sensu e suas respectivas Pró-Reitorias de Pós-Graduação e Pesquisa, localizados na região Centro-Oeste, por meio da concessão de bolsas de estudos nas mais diversas modalidades. A chamada pública tem como premissa favorecer a interação entre os programas de pós-graduação envolvendo, também, a parceria com PPGs de outros estados da Região.

Para a coordenadora da Rede, a colaboração entre instituições de pesquisa no Centro-Oeste brasileiro fortalece a capacidade científica da região, além de contribuir para o avanço de estudos relacionados ao cumprimento de metas presentes nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável previstos na Agenda 2030 da ONU. “Ao compartilhar experiências, recursos e conhecimentos, as instituições podem abordar de maneira mais eficaz os problemas locais, identificando soluções inovadoras e sustentáveis, além de fazer melhor uso dos recursos aplicados pelas agências de fomento. A aproximação entre as Instituições de Ensino Superior envolvidas, por meio de seus programas de pós-graduação, contribuirá para a diminuição de assimetrias na formação discente, elevando assim a qualidade na formação de recursos humanos e intensificando as produções científicas de resultados de pesquisas realizadas nos laboratórios”, destaca Samantha.

Samantha Caramori destaca que a UEG aderiu ao programa de pós-graduação em rede nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (PROFAGUA). A primeira turma já começa no segundo semestre de 2025. Segundo ela, “essa ação é estratégica para a UEG para a temática da Segurança Hídrica e é uma das metas do Centro de Excelência em Segurança Hídrica do Cerrado (CEHIDRA Cerrado), da UEG e que recebe fomento da Fapeg. Já foram iniciadas conversações para integrar equipes da Semad e comitês de bacias hidrográficas para capacitações no PROFAGUA. A Rede pretende, ainda, desenvolver projetos para auxiliar a gestão de recursos hídricos no Estado de Goiás.

Atuação

Os pesquisadores vão monitorar os rios para a detectar, identificar e quantificar poluentes emergentes e outros contaminantes fazendo avaliações ecotoxicológica em peixes, fitoplâncton, microrganismos da água e solo. Farão ainda, planos de biomonitoramento para gestores públicos e vão construir modelos de dispersão de poluentes e de degradação de pesticidas. Também serão propostas estratégias de mitigação que possam ser testadas e utilizadas por populações rurais, buscando contribuir para a melhoria da qualidade da água nos municípios. As estratégias de mitigação deverão se distribuir em duas vertentes: a do uso de soluções baseadas na natureza e a de formulação de bioprodutos de espécies nativas do bioma, para diminuir impactos ambientais e reduzir a concentração de poluentes, com potencial para o registro de patentes.

Os primeiros passos estão sendo dados com a estruturação da rede (montagem de equipe gestora, canais de divulgação em mídias sociais e página de internet), estabelecimento de contatos com parceiros institucionais estrangeiros e a alocação de bolsas de doutorado e pós-doutorado. Também estão iniciando os subprojetos em parceria com os pesquisadores da rede, com arranjos entre UEG e PUC-Goiás, UEG e IFG e, UEG e UFGD e UniEvangélica e UnB.

Ao final do projeto serão entregues publicações científicas de autoria conjunta dos pesquisadores da rede, na forma de artigos e um livro. Serão realizados quatro seminários de acompanhamento das ações dos pesquisadores e seus orientandos, com apresentação de trabalhos. Serão produzidas teses de doutorado com coorientação entre os pesquisadores da rede de diferentes programas de pós-graduação e diferentes unidades da federação.  A Rede de Pesquisa terá potencial para a geração de produtos inovadores, como: extratos vegetais com compostos orgânicos bioativos; biofertilizantes, a partir de micro-organismos (algas e fungos do Cerrado); processos sustentáveis de despoluição da água; e metodologias inovadoras de monitoramento da qualidade da água.

Com investimentos de aproximadamente R$ 3,7 milhões, o projeto contempla a concessão pela Capes, de seis bolsas de doutorado, seis bolsas de pós-doutorado, quatro Bolsas para Professor Visitante no Brasil, uma bolsa para Professor Visitante Sênior no País, uma Bolsa Professor Visitante no Exterior Sênior e uma bolsa para Professor Visitante no Exterior Júnior. Estas bolsas promovem, ainda, a mobilidade inicial de docentes vinculados a PPG stricto sensu, alavancando o processo de internacionalização e de cooperação internacional. Pela Fapeg estão sendo pagas, desde a assinatura do termo de outorga, uma Bolsa de Pesquisador para a Coordenadora do Projeto, uma para Apoio Técnico-Científico, uma bolsa para Apoio Técnico-Administrativo e uma bolsa de Extensão Tecnológica.

Para Samantha Caramori, “a articulação realizada entre Fapeg e Capes é fundamental para a realização desse projeto. A Capes possibilita a formação de pessoal (discentes, jovens doutores e pesquisadores da rede) com atuação internacional, por meio das bolsas e a Fapeg promove a operacionalização das ações de pesquisa com a concessão do recurso de custeio ao projeto. A articulação entre as diferentes instituições que compõem a rede é também um incentivo da das duas agências de fomento, pois nas chamadas públicas desses órgãos públicos era prevista a ação em rede com diferentes unidades da federação, além a priorização da interiorização da pesquisa no estabelecimento dos grupos que apresentaram as propostas”.