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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 18/09/2023 - Jornal do Professor

Pesquisa da UFG revela que combinação de vacinas contra a Covid-19 garante maior resposta imune

Pesquisa da UFG revela que combinação de vacinas contra a Covid-19 garante maior resposta imune

Uma pesquisa do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG) mostra que o sistema heterólogo de vacinação contra a Covid-19, adotado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no país, garante uma maior resposta imune na produção de anticorpos. O estudo, publicado no periódico internacional Vaccines e apresentado na 20ª edição do Seminário do IPTSP, analisou três imunizantes adotados no combate ao vírus Sars-CoV-2, Coronavac, Astrazeneca e Pfizer, e analisou coletas de 78 pessoas.

Iniciada em fevereiro de 2021, a pesquisa se deu pela coleta de sangue em 4 fases: pré-primeira dose, após a segunda vacina, antes da dose de reforço e após esse período do ciclo vacinal. Segundo a docente do IPTSP responsável pelo projeto, Simone Gonçalves Fonseca, a pesquisa teve início no estudo analítico do cenário pandêmico e do esquema vacinal contra a Covid-19, ainda incerto no período.

Embalada pelas discussões de melhora do estímulo às vacinas nos âmbitos nacional e mundial, a biomédica e mestranda Letícia Carrijo Masson iniciou as coletas e esteve à frente da pesquisa. “(No início) Estava todo mundo animado porque era uma coisa nova, a gente poderia contribuir e descobrir o que a vacina proporcionava”.

Coletividade
Segundo a professora Simone, a pesquisa só foi possível pelo trabalho em equipe. Além de sua mestranda, também contribuíram colegas, professoras e pesquisadoras do IPTSP, o Instituto Butantã e alunos da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

O período de coleta para análise laboratorial durou mais de um ano. Em meio a desistências, resistências e muito cuidado, a biomédica fazia testagem swab antes de cada coleta de amostra para atestar infecção do vírus Sars-CoV-2, a professore Simone e Letícia citam a motivação dos envolvidos em nome da ciência, apesar dos muitos tubos de sangue coletados: “Me chamavam de vampira”, brinca a biomédica.

A pesquisa concluiu que a resposta imune dos anticorpos é consideravelmente maior quando usado o sistema heterólogo, isto é, a vacina de reforço de um laboratório distinto da vacina aplicada nas duas primeiras doses. Esse método vacinal foi recomendado no Brasil somente no fim de 2021, seguindo diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A vacina Coronavac é composta pelo vírus do SarS-Cov2, enquanto a Pfizer é constituída pelo mRNA da proteína spike e, a As- trazeneca, pelo vetor viral. Simone conta que essa é a primeira vez, em tempo real, que aconteceu a mescla de vacinas no combate à uma pandemia.

Pensando no futuro
Ainda sabemos pouco sobre a Covid-19. As pesquisadoras projetam que o estudo será de extrema importância para entender sobre o vírus e novas formas de se pensar combate às epidemias: “Foi importante a gente ter conhecimento de vacinas heterólogas para se aplicar a ambivalente. Ainda não se sabe quantas doses teremos que vacinar, se anualmente como a gripe, mas a gente acha que isso vai servir para outra pandemia”.

A professora cita que, em uma outra epidemia, já se pode pensar no regime heterólogo em casos em que serão necessários mais de uma dose de vacina, já que a combinação atestou a melhora na estimulação do sistema imune.

Além da importância da pesquisa para a fomentação da informação e ciência no estado e nacionalmente, Letícia abre espaço para enfatizar a importância da vacinação e valorização do SUS. “É bem explícito que os casos começaram a diminuir depois que a gente começou a vacinar”.

Simone reforça a importância de se vacinar e que a ciência se faz no trabalho em equipe: “É importante a população ter isso”.