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Autor: Ascom Adufg-Sindicato
Publicado em 05/05/2025 - Notícias
Pequi em pó: pesquisa do Labfood/UFG atribui diferentes formas de utilização do fruto símbolo do Cerrado Goiano

Você já parou para pensar sobre os diferentes usos que podemos atribuir aos alimentos que consumimos? Esse foi um dos pontos de partida da pesquisa que transformou o pequi, fruto típico do Cerrado goiano, em alimento em pó.
A técnica concede ao fruto uma nova usabilidade, mantendo a cor e sabor característicos da fruta, que é um dos símbolos do estado de Goiás. Somente em 2023, foram extraídas 3,7 mil toneladas de pequi no estado, segundo o boletim do governo estadual Agro em Dados. Já o valor de retorno foi estimado em 5,65 milhões, de acordo com o IBGE.
O estudo foi desenvolvido pelos docentes titulares do curso de Agronomia/Engenharia de Alimentos, Flavio Alves da Silva e Júlio César Briceno, além do mestrando Roberto Braz da Silva.
Essa nova característica permite ampliar ainda mais a versatilidade da fruta, reforçando sua utilização na gastronomia, no mercado de cosméticos e na indústria farmacêutica. Entre os principais benefícios do procedimento, estão a facilidade em armazenar e transportar o alimento, além da suavização do sabor, considerado forte para o paladar de muitos.
Flávio Silva conta que a pesquisa nasceu do interesse em dar um melhor aproveitamento para o fruto do pequi, que geralmente é consumido in natura, cozido, em conserva ou através de molhos.
“O pequi em pó é feito através da extração da polpa, por meio do seu processo de cozimento. Essa polpa é tratada e depois levada para um equipamento chamado spray dryer, que é o mesmo que fabrica leite em pó e whey protein. Enfim, essa polpa entra na forma líquida e sai desidratada em pó e totalmente solúvel, podendo ser dissolvida em tipos diferentes de bebidas”.
Benefícios e contribuições
O pesquisador esclarece que, a partir das análises já feitas, é possível constatar os componentes químicos do alimento que, inclusive, promovem benefícios à saúde. Segundo ele, o pó é rico em antioxidantes e vitaminas, que combatem o envelhecimento da pele e melhoram a função cardíaca.
“Um dos nossos objetivos também é testar futuramente a funcionalidade desses antioxidantes em pessoas”, complementa o diretor.
Ele ainda reforça o incentivo à valorização do pequizeiro, árvore típica do Cerrado, bioma que vem sendo destruído por fatores econômicos, como pecuária extensiva, exploração madeireira e garimpo.
“A ideia é que as pessoas aprendam a valorizar o fruto pequizeiro, ou seja, achando um objetivo melhor de aproveitamento desse fruto. Com certeza, as pessoas vão pensar duas vezes antes de cortar um pé de pequi, pois sabem que aquele fruto mantido ali vai poder gerar renda para diversas famílias”.
Por fim, o pequi também incentiva a valorização da pesquisa acadêmica. Além de propiciar a escrita de artigos científicos, a fruta é objeto de estudo de alunos do mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Agronomia.
“Estamos com um aluno do programa de mestrado no Instituto de Ciência, Tecnologia de Alimentos e Nutrição, em Madri, na Espanha, que é o maior instituto de pesquisa da capital. A proposta é avaliar a polpa durante um mês, assim como já ocorre aqui no Centro Regional para o Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, o CRTI, laboratório de análises que temos aqui na UFG”.
Proteção ao pequi vira lei federal
Em janeiro de 2025, o Governo Federal sancionou a Lei 15.089/2025, que institui a Política Nacional para o Manejo Sustentável, Plantio, Extração, Consumo, Comercialização e Transformação do Pequi e demais frutos e produtos nativos do Cerrado.
Entre as finalidades da lei, estão a criação de mecanismos de incentivo à preservação do pequizeiro e outras espécies do Cerrado e o desenvolvimento de pesquisas sobre os aspectos culturais e folclóricos dos frutos.