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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 19/06/2025 - Notícias

Dia do Cinema Brasileiro: 15 filmes para celebrar o audiovisual nacional

Dia do Cinema Brasileiro: 15 filmes para celebrar o audiovisual nacional

No dia 19 de junho, é comemorado o Dia do Cinema Brasileiro. Com uma história vasta iniciada em 1898, o audiovisual nacional não foi somente marcado pela variedade de gêneros (comédia, drama, suspense, policial, aventura, faroeste), mas também pela qualidade autoral de seus realizadores. Durante o movimento do Cinema Novo nos anos 1960 e 1970, tivemos a ascensão de nomes como Glauber Rocha e Leon Hirszman, que se inspiraram na Nouvelle Vague francesa e no neo-realismo italiano. Atualmente, diretores como o pernambucano Kleber Mendonça Filho se destacam, pela uniformidade temática em seus trabalhos conjuntos.

Então, para celebrar essa data tão especial para a nossa cultura, o Adufg-Sindicato recomenda 15 filmes que marcaram a história do cinema brasileiro!

- Limite (1931), dirigido por Mário Peixoto

Onde assistir? YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=mWDWzUIZnpo

Único longa-metragem de Mário Peixoto, “Limite” acompanha três pessoas que se encontram à deriva em um barco: duas mulheres, uma fugitiva do cárcere e a outra insatisfeita com o seu casamento, e um homem, em luto pela morte de sua amante. Viajando sem destino, o trio reflete sobre seus passados através de uma série de flashbacks. Um dos precursores do cinema experimental, “Limite” foi considerado pela Cinemateca Brasileira (1988), pela Folha de S. Paulo (1995) e pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (2016) como o melhor filme brasileiro de todos os tempos.

- O Pagador de Promessas (1962), dirigido por Anselmo Duarte

Onde assistir? YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=oyYDcXD-SqI

O primeiro e, até o momento, único filme brasileiro a vencer a prestigiada Palma de Ouro no Festival de Cannes, “O Pagador de Promessas” é uma adaptação da peça homônima de Dias Gomes, acompanhando Zé do Burro, um camponês pobre que embarca em uma jornada profundamente espiritual e física para cumprir uma promessa sagrada, com o objetivo de salvar seu amado burro. Além do feito incrível em Cannes, o longa de Anselmo Duarte também foi o primeiro filme brasileiro e sul-americano a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira.

- Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), dirigido por Glauber Rocha

Onde assistir? Globoplay

Se “Acossado” é considerado, por muitos, o filme definitivo da Nouvelle Vague francesa, o mesmo pode ser dito para “Deus e o Diabo na Terra do Sol” em relação ao Cinema Novo. A narrativa acompanha um sertanejo que assassina o seu chefe após uma disputa financeira. Para escapar, ele e sua esposa se juntam ao grupo de um beato inimigo da Igreja Católica que os promete o fim do sofrimento. Porém, não demora muito para que o casal se veja como alvo de Antônio das Mortes, matador de aluguel determinado a exterminar os seguidores do beato a serviço da Igreja Católica. Um faroeste à brasileira com uma mensagem atemporal sobre violência, este marco do Cinema Novo foi realizado para, de acordo com seu diretor, “sugerir que apenas a violência ajudará aqueles que são extremamente oprimidos”.

- Pixote: A Lei do Mais Fraco (1980), dirigido por Héctor Babenco

Onde assistir? Netflix

Antes de “Cidade de Deus”, existia “Pixote”. Uma saga de amadurecimento e crime que choca até os dias de hoje e denuncia a realidade dos reformatórios para delinquentes juvenis, o longa acompanha a jornada do seu personagem-título, um órfão morador de rua de 11 anos que tem sua inocência tirada ao se ver dentro de um mundo repleto de violência, prostituição e criminalidade. Além do retrato cru e difícil de assistir das situações enfrentadas pelos personagens, “Pixote” ficou marcado pela vida real de seu protagonista, Fernando Ramos da Silva, morto aos 19 anos pela Polícia Militar de São Paulo, após ser preso duas vezes.

- Eles Não Usam Black-Tie (1981), dirigido por Leon Hirszman

Onde assistir? Globoplay

Adaptação da peça homônima de Gianfrancesco Guarnieri, “Eles Não Usam Black-Tie” acompanha uma família de operários que entra em conflitos em meio à uma greve geral, evento que desafia os laços familiares e amorosos entre eles de forma intensa e definitiva. Com alguns dos maiores nomes da dramaturgia brasileira, como Fernanda Montenegro, Milton Gonçalves, Carlos Alberto Riccelli, Bete Mendes e o próprio Gianfrancesco Guarnieri, o longa de Leon Hirszman destaca o papel fundamental da ação sindical no combate às injustiças no trabalho, sendo também uma obra importante para o período da ditadura na qual foi lançada.

- Cabra Marcado Para Morrer (1984), dirigido por Eduardo Coutinho

Onde assistir? Globoplay

O documentário de Eduardo Coutinho é uma recuperação histórica da vida de João Pedro Teixeira, líder camponês da Paraíba que foi assassinado pela polícia em 1962. Após uma tentativa de realizar um filme sobre sua vida foi impedido pela ditadura militar, Coutinho recolhe diversos depoimentos que reconstroem a narrativa das Ligas camponesas de Galiléia e Sapé, assegurando, assim, o legado de João Pedro. O longa foi vencedor de dois prêmios no prestigiado Festival de Berlim, em 1985.

- Central do Brasil (1998), dirigido por Walter Salles

Onde assistir? Netflix

Não há nada a dizer sobre “Central do Brasil” que já não havia sido dito antes, então vamos lá: o longa indicado ao Oscar de Walter Salles acompanha uma professora aposentada que ganha a vida escrevendo cartas para pessoas analfabetas na estação homônima, onde decide ajudar um garoto cuja mãe morreu atropelada a conhecer o pai. Aclamado pela crítica e público, o filme fez de Fernanda Montenegro a primeira atriz brasileira a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz, em um papel que lhe rendeu o Urso de Prata de Melhor Atriz no Festival de Berlim. Além disso, “Central do Brasil” venceu o principal prêmio do Festival supracitado, o Urso de Ouro.

- Cidade de Deus (2002), dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund

Onde assistir? Netflix

Até o momento, o filme nacional com maior número de indicações ao Oscar (quatro, incluindo Melhor Direção e Roteiro Adaptado), “Cidade de Deus” é um clássico contemporâneo que acompanha a jornada de Buscapé, um aspirante a fotógrafo que luta para fugir da miséria na favela Cidade de Deus. Enquanto isso, simultaneamente, o espectador testemunha a ascensão de Dadinho/Zé Pequeno como o líder do tráfico no local. Sucesso no Brasil e no exterior, a crítica definiu o filme como a resposta brasileira à “Os Bons Companheiros”, de Martin Scorsese. E hoje, 23 anos após seu lançamento, é um longa que continua a cativar, seja pelo realismo, pelo senso de humor sombrio ou pela proeza técnica na fotografia e na montagem.

- Duologia Tropa de Elite (2007-2010), dirigida por José Padilha

Onde assistir? Netflix (Tropa de Elite), Globoplay (Tropa de Elite 2)

Indo na onda de “Cidade de Deus”, José Padilha vira a perspectiva na direção dos policiais nos dois longas de “Tropa de Elite”, ancorados e eternizados pela performance de Wagner Moura como o Capitão Nascimento. Uma denúncia aos métodos violentos de abordagem e tortura normalmente utilizados pelo BOPE, é interessante notar a mudança de rumo entre os dois filmes. Enquanto o primeiro se assemelha mais à um filme de ação, o segundo se torna um longa político, ambos com mensagens igualmente relevantes a serem transmitidas. Vale lembrar que “Tropa de Elite 2” segue como a quarta maior bilheteria de um filme nacional de todos os tempos.

- O Menino e o Mundo (2013), dirigido por Alê Abreu

Onde assistir? Globoplay

Segundo longa de Alê Abreu, a animação “O Menino e o Mundo” iniciou sua trajetória de sucesso no prestigiado Festival de Annecy, onde foi premiado pelo júri e pelo público como o melhor filme do evento. Na trama, acompanhamos Cuca, um menino que embarca em uma jornada perigosa em busca do pai, descobrindo cada vez mais sobre a relação entre o homem e a natureza no processo. Em 2016, o longa foi o primeiro vencedor do prêmio de Melhor Longa-Metragem - Independente nos Annie Awards (o “Oscar” da animação), e foi a primeira obra animada nacional a ser indicada ao Oscar de Melhor Filme de Animação. Com uma trilha sonora embalada por composições de Emicida, Naná Vasconcelos e Barbatuques, “O Menino e o Mundo” é uma odisseia colorida perfeita para toda a família.

- O Lobo Atrás da Porta (2013), dirigido por Fernando Coimbra

Onde assistir? Aluguel digital no YouTube

Um suspense contemporâneo baseado em fatos reais, “O Lobo Atrás da Porta” acompanha uma investigação policial em relação ao desaparecimento de uma criança, onde os três depoimentos principais (o pai, a mãe e a amante do pai) encontram várias inconsistências, levando à uma conclusão chocante que irá permanecer na mente do espectador por bastante tempo. Premiado no Festival do Rio e em festivais internacionais, como o de San Sebastián, na Espanha, o longa, estreia de Fernando Coimbra na direção, se destacou pela performance aclamada de Leandra Leal, vencedora do Grande Otelo de Melhor Atriz em 2015. Em 2025, Coimbra e Leal se reúnem no filme “Os Enforcados”, que estreia em agosto nos cinemas.

- Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014), dirigido por Daniel Ribeiro

Onde assistir? Telecine

Uma expansão do curta-metragem “Eu Não Quero Voltar Sozinho”, a estreia de Daniel Ribeiro na direção é um conto de amadurecimento sobre independência, primeiras experiências e o amor. No longa, acompanhamos Leonardo, um adolescente cego que encontra obstáculos para ter sua autonomia em relação aos pais. A chegada de um estudante novato, Gabriel, desperta novas emoções no rapaz, criando um triângulo amoroso com a melhor amiga de Leonardo, Giovana. Seleção do Brasil para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2015, o longa foi premiado em sua estreia mundial no Festival de Berlim, vencendo o prêmio Teddy de Melhor Filme LGBT.

- Bacurau (2019), dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles

Onde assistir? Globoplay

Um dos longas mais notáveis do audiovisual brasileiro do século XXI, “Bacurau” foi aclamado pela crítica em sua estreia no Festival de Cannes, onde venceu o Prêmio do Júri. (Posteriormente, o diretor Kleber Mendonça Filho venceria o prêmio de Melhor Direção pelo seu filme subsequente, “O Agente Secreto”, em 2025.) Estrelado por Sônia Braga e Udo Kier, a trama acompanha os residentes da cidade-título, que viram alvo de um grupo de assassinos estrangeiros, em uma tentativa de apagar o município do mapa. Além de ser um filme essencialmente político, “Bacurau” também funciona perfeitamente como entretenimento, graças às quantidades “tarantinescas” de violência e sangue presentes na segunda metade.

- Oeste Outra Vez (2024), dirigido por Erico Rassi

Onde assistir? Telecine

Vencedor do prêmio de Melhor Filme no Festival de Gramado de 2024, “Oeste Outra Vez” é um faroeste contemporâneo ambientado na Chapada dos Veadeiros, onde dois homens se veem em um conflito pela afeição da mesma mulher. Abordando a masculinidade tóxica, a solidão e a necessidade de conexão de uma maneira cativante, real, e crua, Érico Rassi consegue extrair ótimas performances de seu trio principal de protagonistas, composto por Ângelo Antônio, Rodger Rogério e Babu Santana, ao mesmo tempo que captura a beleza natural do Cerrado através das ambientações, remetendo aos grandes faroestes norte-americanos.

- Ainda Estou Aqui (2024), dirigido por Walter Salles

Onde assistir? Globoplay

Para fechar com chave de ouro, temos o filme que finalmente rendeu ao Brasil seu primeiro Oscar. Contando com uma direção pessoal de Walter Salles e uma performance poderosa de Fernanda Torres, “Ainda Estou Aqui” retrata a história real da luta de uma família pela verdade e a violência implícita em um regime autoritário de maneira sensível, impactante e completamente aterradora. Sendo também o primeiro indicado brasileiro ao Oscar de Melhor Filme, “Ainda Estou Aqui” já pode ser considerado um clássico do nosso audiovisual, graças à abordagem atemporal de seus temas e ao retrato autêntico de sua ambientação.

Sobre a data
O Dia do Cinema Brasileiro é comemorado no dia 19 de junho, pela data ser o marco da primeira produção de imagens através da tecnologia do cinematógrafo, no ano de 1898. A bordo do navio Brésil, saído de Bordeaux, na França, o italiano Affonso Segreto, recém-formado de um curso sobre a operação do equipamento inédito, registrou a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, resultando no que muitos consideram ser o primeiro filme brasileiro, “Vista da Baía de Guanabara”.