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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 17/07/2020 - Notícias

'Não há uma única evidência de que o coronavírus esteja sob controle em Goiás', garante professor e pesquisador da UFG

Thiago Rangel participou do #BatePapoAdufg e alertou para os riscos de um colapso hospitalar e um grande número de mortos no Estado

'Não há uma única evidência de que o coronavírus esteja sob controle em Goiás', garante professor e pesquisador da UFG

“Não há uma única evidência de que a pandemia de Covid-19 esteja sob controle em Goiás”, afirmou o professor e pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG), Thiago Rangel, nesta quinta-feira (16/07), ao participar do #BatePapoAdufg. Ele alertou que a única forma de coibir o novo coronavírus é por meio do isolamento social. “A ideia deveria ser tomar todas as medidas para evitar que o vírus seja ainda mais propagado”, disse.

Recentemente, o professor apresentou um estudo ao Governo de Goiás, que aponta para um colapso hospitalar no Estado. Também alertou para uma projeção de 18 mil mortes até setembro em razão da doença. No entanto, após 14 dias de isolamento, o governo publicou um decreto autorizando a flexibilização das atividades econômicas. “Dificilmente isso ajudará no combate à pandemia. Essa flexibilização deve piorar o que já está muito ruim. Devemos dobrar o número de óbitos em Goiás nas próximas duas semanas”, destacou.

Thiago alertou que a flexibilização resulta em situações em que não é possível evitar o contato entre as pessoas, como na utilização do transporte coletivo. “Devíamos discutir estratégias para manter as pessoas em casa. Seria necessário um auxílio econômico para as empresas e para as pessoas que não podem exercer trabalho remoto. Isso não veio, o que acabou fazendo com que gestores de Estados e municípios optassem pela flexibilização”. 

Com o aumento constante do número de casos em Goiás, o professor alertou que, embora a rede hospitalar esteja em processo de expansão de leitos, a medida é paliativa. “A data de um possível colapso vai ser definida pela capacidade das prefeituras de remarem contra a maré. Tratar uma pandemia com estratégias baseadas em expansão hospitalar é uma ideia infeliz”, defendeu. Ele lembrou, ainda, que outros países, como França, Itália, China e Estados Unidos não tiveram sucesso com esse tipo de medida. 

Em diversos momentos do debate, Thiago defendeu o isolamento social como estratégia mais acertada no combate à doença. “É uma ação que trata a população como um todo. Todos os países mais desenvolvidos conseguiram lidar por meio do isolamento. Não adianta tentar passar a ideia de que o pior já passou, pois ainda não chegamos ao pico. Se o isolamento alcançasse mais de 66% o pico passaria e a curva começaria a cair”, enfatizou.

O docente ressaltou, ainda, o papel da comunidade acadêmica no enfrentamento à crise. “As universidades têm trabalhado de forma brilhante. São ninhos de grandes pesquisadores que arregaçaram as mangas e partiram para a ação em suas atividades. Mais do que nunca, as universidades têm mostrado seu valor”.

De acordo com o pesquisador, o maior desafio para as universidades é o retorno das aulas. “Não poderemos voltar às salas de aula em 2020. A questão do ensino à distância já devia ter sido planejada desde maio porque já estava muito claro para todos que não haveria como retomar as aulas presenciais neste ano”, concluiu.

O presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato), professor Flávio Alves da Silva, que mediou a live, criticou a atuação dos governantes na pandemia e defendeu o trabalho desempenhado pelas universidades. “Diante da inércia do Governo Federal e de alguns governadores e prefeitos a comunidade acadêmica assumiu o enfrentamento à Covid. Seja na linha de frente do atendimento ou por meio de pesquisas, docentes e estudantes têm papel decisivo para minimizar os impactos da crise”, afirmou.

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