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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 30/08/2019 - Notícias

Debate no IESA destaca as tentativas de controle das universidades federais pelo governo

Os cortes de orçamento, a nomeação de reitores menos votados pela comunidade acadêmica e o programa Future-se foram alguns dos pontos

Debate no IESA destaca as tentativas de controle das universidades federais pelo governo

O auditório do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (IESA - UFG) recebeu na tarde de hoje, 30 de agosto, debate sobre o Programa Future-se. O evento faz parte de uma iniciativa do Adufg-Sindicato e do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFG, que tem como objetivo apresentar o Future-se e demonstrar para a comunidade acadêmica as possíveis consequências da aprovação projeto.

O debate foi comandado pelos docentes Geci Pereira da Silva do Instituto de Matemática e Estatística (IME) e Romualdo Pessoa do Instituto de Estudos Socioambientais (IESA). O encontro teve início com fala de Letícia Scalabrini, coordenadora geral do DCE, que destacou a atuação do Diretório em oposição a qualquer tipo de ataque contra o caráter público da universidade. A coordenadora aproveitou para convidar a todos os presentes para participar da próxima mobilização em defesa da Educação. O chamado quarto tsunami da Educação que irá acontecer no próximo sábado, 7 de setembro, às 8h30, e terá concentração em frente à Catedral Metropolitana de Goiânia.

Em seguida, o professor Geci Pereira da Silva expôs uma linha do tempo com os ataques sofridos pela Educação durante a gestão Bolsonaro, com destaque para três pontos principais: os cortes de orçamento, a mudança de Projeto de Lei para Medida Provisória do programa Future-se e as recentes nomeações de reitores de Universidades Federais.

Os cortes de orçamento não são novidade para a comunidade acadêmica, que desde maio vem lidando com a possível paralisação das UFG devido à falta de verba. Apesar da posição otimista do reitor da UFG, Edward Madureira, de que as verbas do contingenciamento sejam liberadas no mês de setembro, não existe nenhuma garantia de que esse montante chegará à universidade. 

Já a mudança do programa Future-se para Medida Provisória (MP) ao invés de Projeto de Lei (PL), é uma outra ameaça aos Institutos Federais de Ensino Superior (IFES). Como PL o Programa teria que passar por um rito de apreciação que abriria oportunidade para diversos debates no Congresso, tendo de ser votado duas vezes pelos deputados federais e até sendo alterado por sugestão dos mesmos. Como MP, o Future-se passaria a ter vigência imediata, tendo de ser votada em no máximo 45 dias.

A nomeação de reitores não desejados pela comunidade acadêmica tem se mostrado outra alternativa de controle exercida pelo governo. A Universidade Federal do Ceará (UFC) foi o último desses casos, tendo o professor Cândido Albuquerque nomeado como reitor pelo Ministério da Educação (MEC), mesmo tendo recebido menos votos na consulta pública da universidade e sendo o segundo colocado na lista tríplice formulada pelo Conselho Universitário (Consuni). Desde a sua posse, Albuquerque ainda não conseguiu despachar do prédio da Reitoria, devido aos protestos causados pela sua nomeação.

A falta de mobilização da comunidade acadêmica, mesmo diante das recentes manifestações, foi a principal pauta do Professor Romualdo Pessoa. O docente iniciou os seus estudos na universidade durante o declínio do regime militar, reconhecido pela truculência ao lidar com manifestações de ideias e pensamentos que iam contra a corrente defendida pelo governo, e afirmou que naquela época a mobilização de movimentos ligados à Educação era muito maior.

Pessoa ainda ressaltou que a velocidade do compartilhamento de informações tem prejudicado o movimento pela Educação. O professor destacou a divulgação de Fake News - notícias com conteúdo falso - como um grande adversário, já que nessas notícias o ambiente universitário é pintado como um ambiente de perversão. “A manipulação de informações nos fazem perder o foco do que é importante”, resumiu o docente.