Notícias
Consulta pública definirá nova reitoria da UFG em junho

Goiânia - A Universidade Federal de Goiás (UFG) realizará, nos dias 24 e 25 de junho de 2025, uma consulta pública para escolher os nomes que vão compor a lista tríplice para os cargos de reitor(a) e vice-reitor(a), com mandato previsto para iniciar em 2026. O processo permite a participação de docentes, técnicos administrativos e estudantes da graduação e pós-graduação.
A gestão liderada pela atual reitora Angelita Pereira de Lima encerra seu ciclo de quatro anos no final de 2025. A consulta ocorre em um contexto de desafios orçamentários e debates sobre a autonomia universitária, especialmente após a nomeação da atual reitora, terceira colocada na consulta anterior, pelo então presidente Jair Bolsonaro.
Candidaturas em articulação
Duas chapas já despontam como protagonistas na corrida pela reitoria da UFG.
-
Sandramara Matias Chaves: Professora titular da Faculdade de Educação, foi vice-reitora e reitora da UFG entre 2018 e 2021. Em 2021, liderou a chapa que venceu a consulta pública com 3.309 votos, mas não foi nomeada reitora pelo então presidente Jair Bolsonaro. Com ampla experiência em gestão universitária, é vista como nome ligado à defesa da universidade pública e à retomada de políticas estruturantes.
- Karla Emmanuela Ribeiro Hora: Professora associada da Escola de Engenharia Civil e Ambiental (EECA/UFG), Karla é doutora em Geografia e atua como docente nos Programas de Pós-Graduação Projeto e Cidade (PROCIDADES/FAV/UFG) e Ciências Ambientais (PPGCIAMB/UFG). Com forte trajetória nas áreas de planejamento urbano, meio ambiente e políticas públicas, sua candidatura representa a renovação e defende uma gestão mais participativa. Karla tem como vice o professor Eliomar Araújo de Lima e conta com apoio de docentes que defendem mudanças na condução da universidade.
Calendário e regras do processo
O edital da consulta foi publicado recentemente, estabelecendo o cronograma e as normas para a formação da lista tríplice. As inscrições das chapas ocorrerão entre os dias 20 e 21 de maio. A votação será realizada das 8h do dia 24 até às 21h do dia 25 de junho, por meio do sistema SIGEleição. Servidores aposentados sem acesso ao sistema eletrônico poderão votar presencialmente, em locais a serem definidos pela Comissão Organizadora da Consulta (COC).
A consulta é organizada por entidades representativas da comunidade acadêmica, incluindo o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (ADUFG-Sindicato), o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos (SINT-IFESgo), o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e a Associação de Pós-Graduandos (APG). Juntas, essas entidades formam a COC, responsável por conduzir todo o processo.
Participação da comunidade acadêmica
A votação é direta e secreta, com pesos proporcionais entre os segmentos: docentes, técnicos administrativos e estudantes. Poderão votar docentes e técnicos administrativos ativos e aposentados da UFG, além de estudantes de graduação, pós-graduação stricto sensu e do CEPAE, com idade a partir de 16 anos.
Os pesos proporcionais entre os segmentos são os seguintes: docentes (70%), técnicos administrativos (15%) e estudantes (15%). Servidores aposentados sem acesso ao SIGEleição poderão votar em urnas presenciais, cujos locais serão definidos pela COC.
Lista tríplice e nomeação presidencial
Embora a consulta seja chamada de "eleição", seu caráter é consultivo. O resultado serve de referência para o Conselho Universitário da UFG, que elabora uma lista tríplice com os três candidatos mais votados. Essa lista é enviada ao Ministério da Educação e, posteriormente, à Presidência da República, que tem a prerrogativa de nomear um dos nomes indicados.
Historicamente, o costume tem sido respeitar a vontade da comunidade universitária, indicando o primeiro colocado da consulta. No entanto, em 2021, a atual reitora Angelita Pereira de Lima foi nomeada pelo então presidente Jair Bolsonaro, apesar de ter sido a terceira colocada na consulta interna. A decisão gerou críticas e reacendeu o debate sobre a autonomia universitária.
O atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva comprometeu-se publicamente a respeitar a escolha da comunidade acadêmica em todas as universidades federais. Até o momento, em seu mandato, tem seguido essa linha nas nomeações realizadas.
Desafios e expectativas
A nova gestão da UFG enfrentará desafios significativos, incluindo:
- Crise Orçamentária: A universidade enfrenta restrições financeiras graves, com cortes no orçamento que afetam o funcionamento básico das atividades acadêmicas e administrativas.
- Assistência Estudantil: Incertezas quanto ao financiamento de programas de assistência estudantil colocam em risco a permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
- Autonomia Universitária: A defesa da autonomia universitária será uma pauta central, especialmente após episódios recentes de nomeações que desconsideraram a escolha da comunidade acadêmica.
- Valorização da Pós-Graduação: Fortalecer os programas de pós-graduação e a pesquisa científica será essencial para manter a relevância da UFG no cenário nacional e internacional.