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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 12/05/2025 - Notícias

Dia das Mães: entre a utopia do amor incondicional e a luta por estruturas de apoio e reconhecimento profissional

Dia das Mães: entre a utopia do amor incondicional e a luta por estruturas de apoio e reconhecimento profissional

O Dia das Mães é, tradicionalmente, uma data de celebração e afeto. No entanto, para além das homenagens, é também um momento oportuno para refletirmos sobre os desafios que envolvem a maternidade, especialmente quando esta se entrelaça com o mercado de trabalho e a ausência de políticas públicas adequadas. 

A maternidade no Brasil é marcada por sobrecargas, julgamentos, sentimento de culpa e um apoio institucional ainda incipiente. Essas são realidades que se impõem diariamente à vida de milhares de mulheres, inclusive das docentes representadas pelo Adufg-Sindicato.

Segundo dados recentes do IBGE, as mulheres representam cerca de 54% da força de trabalho no Brasil, e a maior parte dessas mulheres são mães. Ainda assim, elas enfrentam um mercado que, muitas vezes, não reconhece as especificidades da maternidade. 

É comum a interrupção da carreira após a maternidade, a estagnação profissional e o acúmulo de jornadas: a produtiva e a reprodutiva. A dupla jornada é, aliás, um retrato cruel da vida de muitas mães, que trabalham fora e ainda são, quase sempre, as principais responsáveis pelos cuidados com os filhos e com o lar.

As mães enfrentam desafios que vão desde a dificuldade de encontrar uma vaga em uma escola pública, realidade dramática em cidades como Goiânia onde milhares de crianças aguardam por uma vaga, até os constantes julgamentos sociais. 

Se a mãe trabalha fora, é julgada por “ter deixado o filho com alguém”; se fica em casa, por “não contribuir com a renda familiar”; se recorre a creches ou familiares, novamente é questionada. Não há escolha sem crítica, e esse ciclo de cobranças alimenta um sentimento de culpa que impacta diretamente nas saúde física e mental das mamães.

Falta estrutura


Infelizmente, o Estado brasileiro ainda está longe de oferecer o suporte necessário para garantir uma maternidade digna. Faltam creches públicas suficientes, horários escolares compatíveis com a jornada de trabalho, políticas de saúde mental específicas para mães e acesso a serviços de apoio emocional. 

Campanhas como a Maio Fruta-Cor, voltada à saúde mental materna, são fundamentais. Ao promover diálogos sobre exaustão, burnout materno e bem-estar emocional, a iniciativa ajuda a romper o silêncio e o isolamento que muitas mães enfrentam. É uma rede de escuta e acolhimento que precisa ser fortalecida e multiplicada por instituições públicas, sindicatos e pela sociedade como um todo.

Sindicato atuante

Nesse cenário, o papel do Adufg-Sindicato torna-se ainda mais importante. O sindicato, ao representar docentes, em sua maioria mulheres e mães, têm a responsabilidade de promover ações e proporcionar espaços que acolham e apoiem essas profissionais. 

A nossa mensagem sindical neste Dia das Mães vai além do reconhecimento simbólico: é um chamado à mobilização por direitos e por estruturas adequadas. As lutas por mais vagas em escolas públicas, por horários flexíveis nas instituições de ensino, por apoio psicológico e por uma política de acolhimento efetiva, precisam estar entre as pautas prioritárias do movimento sindical.

Neste Dia das Mães, é urgente olhar para além das comemorações. É necessário reconhecer o papel ativo das mães na sociedade e construir, coletivamente, condições reais para que elas possam ter o direito de ser mãe com dignidade. O Adufg-Sindicato reafirma seu compromisso com essa luta, atuando não apenas como representante de classe, mas como agente de transformação social.

A todas as docentes, mães, mulheres que lutam diariamente para conciliar seus papéis com competência, resistência e amor: o nosso mais profundo respeito e solidariedade. Que este Dia das Mães seja também um marco de luta por mais justiça, apoio e mais reconhecimento.

Feliz Dia das Mães!