Notícias
Autor: Ascom Adufg-Sindicato
Publicado em 01/07/2025 - Notícias
18º episódio do PodAdufg debate cenário de lutas, participação e avanços da comunidade LGBTQUIAPN+ na universidade

Em celebração ao Mês do Orgulho LGBTQUIAPN+, o 18º episódio do PodAdufg reuniu três convidadas para discutir os avanços, conquistas e desafios enfrentados pela comunidade no ambiente universitário. Participaram da edição, exibida na última sexta-feira (28/06), a professora da UFG e doutora em Gêneros e Estudos Feministas, Maria Meire de Carvalho, além das estagiárias da Secretaria de Inclusão da UFG, Cristal Reis e Yasmin Moreli.
Dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra) revelam que o Brasil foi, pelo 16º ano consecutivo, o país que mais assassinou pessoas trans e travestis, com uma média de 122 mortes. O dossiê também aponta um cenário de subnotificação, agravado pelo descaso da polícia e da mídia, o que dificulta o registro adequado das denúncias.
Nesse contexto, falar sobre a ocupação de espaços na universidade é essencial para garantir a efetivação de políticas de apoio à comunidade. Diretora de Mulheres e Diversidade da Secretaria de Inclusão da UFG, Maria Meire reforçou que a data é fundamental para o reconhecimento de lutas e conquistas que só foram possíveis graças ao engajamento e à união de pessoas historicamente estigmatizadas.
Yasmin, estudante de Química, destacou a importância da presença da professora travesti Larissa Engelmann, cuja atuação fortalece o movimento e inspira a comunidade. Larissa é doutoranda em Letras e Linguística pela UFG e integra o Conselho de Política Linguística da universidade.
“Somos plurais e, ao mesmo tempo, singulares, pois cada uma das letras da sigla representa um contexto diferente. Ainda existe um estigma de que nós não podemos estar na universidade, o que não é verdade. Contribuímos para a produção de conhecimento científico, artístico e em diversas outras áreas”, afirmou Yasmin.
Para Cristal, a data representa a resistência e a persistência da comunidade na ocupação de diferentes espaços, inclusive na universidade.
Os desafios persistem, mas as conquistas precisam ser valorizadas
Sobre os avanços dentro da UFG, Maria Meire destacou a ampliação de políticas públicas internas nos últimos dez anos, como o reconhecimento do nome social e a inclusão de cotas na graduação e na pós-graduação.
“Adquirimos esse direito por meio de uma resolução e hoje buscamos garantir sua efetivação com outras prerrogativas, como a oferta de cotas em todos os nossos cursos. A presença das meninas aqui, Cristal e Yasmin, reforça a crescente participação de pessoas trans e travestis em nossos campos de estágio”, pontuou a professora.
Outro destaque, segundo ela, são as bolsas do projeto Transepistemologia, que atualmente beneficiam 16 discentes que já enfrentaram situações de vulnerabilidade social. A iniciativa tem possibilitado a permanência dessas pessoas na universidade e já apresenta resultados significativos, como a produção de livros, artigos e o ingresso na pós-graduação.
Cristal enfatizou a importância dessa rede de apoio. “Ao conviver com outras meninas trans, a gente percebe essa situação de vulnerabilidade: muitas são expulsas de casa, não têm como pagar o aluguel, não têm o que comer. Então, incentivos como esse são fundamentais para a nossa permanência na universidade”, disse.
Yasmin também pontuou a invisibilidade de pessoas trans no mercado de trabalho, mesmo diante de campanhas pontuais contra a homofobia e transfobia. “A oferta de vagas é quase inexistente. É um descaso com corpos trans, negros, quilombolas, que alimenta um sistema que lucra com o nosso sofrimento”, completou.
Canais de denúncia
Por fim, a professora Maria Meire de Carvalho reforçou a importância de denunciar situações de discriminação. “Toda situação como essa deve ser denunciada. Primeiramente, deve-se dialogar com a comunidade acadêmica local e, se não houver resolução, é necessário acionar instâncias superiores, como a Ouvidoria da UFG. Essa é uma luta conjunta, reconhecida por lei como crime, que exige união e participação de toda a comunidade. Reiteramos o apoio da universidade na defesa da causa e agradecemos ao Adufg a oportunidade de dialogar em espaços de visibilidade como este”, concluiu.